sábado, 22 de maio de 2010

Sobre a educação de filhos


Uma coisa que me chateia muito é ver uma criança sendo tratada de forma autoritária. Não estou falando de agressões físicas, mas do autoritarismo e da agressividade que vêm através do "não faça isso", do "não pode", ou só daquele irritante "não". 

Outra coisa que me incomoda é lidar com pais que definem suas atitudes autoritárias como "boa educação". Infelizmente, hoje me deparei com as duas situações ao mesmo tempo. Nessas horas, minha providência é tentar colaborar de alguma forma, pois não gosto de ver uma criança entristecida. No entanto, minha colaboração é entendida, com certa frequência, como uma interferência negativa na "boa educação" que os pais dizem estar dando. Já me acostumei a ouvir a frase: "um dia você será pai, daí entenderá o que fazemos". Normalmente, dizem isso em tom de ameaça, previamente assumindo que eu terei atitudes semelhantes.

Há uma terceira coisa que também me irrita nessa estória: ver pessoas leigas em pedagogia desafiarem alguém que estudou essas áreas. Não sou professor à toa, não estudei modelos pedagógicos à toa, não trabalho com educação de crianças e jovens à toa. Ainda me falta aprender muito sobre isso tudo, ainda me falta a experiência de pai, mas autoritarismo é algo que sempre combati e combaterei... inclusive em minhas próprias ações.

Tenho um amigo que diz uma frase sábia: "eles não sabem que não sabem". Pois é assim que tenho visto muitos pais desde que comecei a trabalhar com crianças e jovens, há 15 anos. Simplesmente, os pais ignoram que não sabem pedagogia e que não entendem a mínima de educação. A esses pais desavisados, é importante lembrar que pouco ou nada conseguirão com suas atitudes autoritárias. Normalmente, conseguem o contrário daquilo que procuram atingir. Se querem educação, ganham deseducação. Se querem respeito, ganham desrespeito. Se querem autoridade, ganham filhos que os desafiarão cada vez mais.

Logicamente, há pais que são o oposto de tudo isso. Esforçam-se para respeitar os sentimentos e opiniões de crianças e jovens, pois compreendem que seus filhos também possuem suas próprias autoridades. Pais assim não seguem regras rígidas de horários, não definem o que seus filhos devem vestir ou os locais que devem frequentar. Criam filhos flexíveis o suficiente para interagir com um mundo que será cada vez mais diferente do que já foi um dia.

Como disse, ainda não tive a experiência de ser pai e reconheço a dificuldade em lidarmos com a educação formal e informal de nossas crianças. Sei que conversar e dialogar com jovens é um desafio e tanto, mas o autoritarismo é a pior estratégia nesse processo todo. Peço, portanto, um grande favor: sejam mais compreensivos e menos autoritários com seus filhos... as futuras gerações agradecem desde já.
---------------------------------------------------
Imagem: http://migre.me/Hxnv

Um comentário:

  1. Oi, Adriano...

    Eu ainda não sei que tipo de mãe estou sendo/vou ser. Provavelmente cometerei muitos erros, mas espero francamente cometer erros diferentes dos que cometeram comigo. Ausência, por exemplo, acho sofrível. Isto eu quero evitar. Prefiro pecar por excesso de presença.

    Fiquei pensando também se o fato de eu ser psicóloga poderá me ajudar ou ajudar meu filho de alguma forma. Também não sei ainda. Espero que sim. Ainda não sei que tipo de pessoa meu filho será. Eu consigo reconhecer quando um "pai minúsculo" quando o vejo, mas não sei se terei lucidez e argúcia suficientes para evitar sê-lo. Eu tenho muita vontade de acertar, mas sei que vai ser difícil e o ditado "casa de ferreiro, espeto de pau" é muito verdadeiro. Vamos ver. Eu acho que poderei fazer uma avaliação da minha atuação daqui a uns cinco anos.

    Esse seu texto faz a gente se perguntar que tipo de pai/mãe a gente é. Então faço votos de que muitos pais e mães o leiam. Mas o que me chama mais atenção é notar que, de certa forma, eu mudei de lado. Antes eu era aquela que observava os pais - não raro, com uma enorme indignação. Agora eu sou aquela que é observada pelos outros e por si mesma. A maternidade é um prazer, mas também um grande teste. E sem dúvida, o papel mais importante que desempenharei nesta vida. Deus me acompanhe.

    ResponderExcluir