sexta-feira, 7 de maio de 2010

O fim da morte

Faz poucos dias que li uma reportagem sobre o "fim da morte". Trata-se de uma matéria sobre os avanços da medicina e os impactos de novas tecnologias da ciência em nosso breve futuro. Dentre os temas abordados estão as células-tronco, a nano medicina e a produção de órgãos artificiais. É surreal a possibilidade de podermos discutir, já nesse início de século XXI, a possibilidade de a ciência vencer a morte. Você pode ler a matéria na íntegra em http://migre.me/A7NB


Muita coisa vai mudar se conseguirmos prolongar a vida até quase
a extinção da morte. Surgirão questões como:

- Como serão nossos valores éticos diante da possibilidade de sermos imortais?

- Como pensarão os religiosos e crédulos diante da possibilidade de estenderem suas vidas? Continuarão acreditando na existência de um Deus após a morte?

- Como serão estruturados os sistemas de trabalho, saúde, alimentação e habitação? Haverá sistemas sociais que abriguem todos os humanos que não morrerão mais?

- Como serão nossas relações profissionais? Uma expectativa de vida ilimitada permitiria que tivéssemos várias carreiras durante uma longa vida. Poderíamos ser médicos durante 60 anos, poetas por mais 40 e jornalistas por mais 50.

- Como ficam as religiões e suas teorias sobre o mundo metafísico? Jogaremos tudo por água abaixo ou criaremos comunidades onde será permitido morrer em paz, de acordo com a religião de cada grupo?

- Caso não gostemos da ideia de vida eterna e optemos por morrer à moda antiga, quem teria coragem de sofrer e acabar com si mesmo, tendo a oportunidade de permanecer vivo e saudável?

Eu sou um desses que não quer morrer. Ninguém quer. E na dúvida entre o Céu e o Inferno, prefiro ficar por aqui mesmo.
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Imagem: http://migre.me/CROb

3 comentários:

  1. Adriano:

    Surreal é o mínimo a se dizer. Não é à toa que esta postagem está aqui há uma semana e ninguém se pronunciou. Eu não estava nem tendo coragem de ler o texto todo. Ao ler o primeiro parágrafo já senti um medo arrepiante.

    A priori o que me ocorre é que eu seria destas que optaria pelo fim do corpo. Até porque eu sou do tipo que não move uma palha para ser longeva. Eu não tenho uma alimentação supersaudável, eu não estou indo à academia desde os cinco meses de gravidez (agora meu filho tem três meses e ainda não voltei a malhar), não faço yoga, não medito, enfim...

    Por que? Não sei. Mas a idéia de vida eterna não me interessa, não me seduz. Eu gosto de saber que esta vida, este corpo são efêmeros e que tudo será diferente no futuro, ou nem será nada talvez. Mas a permanência é que me adoece. Jesus me salve de ser Carmen para sempre. Que eu vire pó, mas mude de situação. Vida eterna não me cai bem, definitivamente.

    Se isto poderia ser considerado suicídio, aí já teríamos que avaliar a situação quando ela se concretizar. Mas francamente, fico feliz em saber que já não estarei mais entre os vivos quando a morte for abolida! :-)

    Mas a reflexão foi das mais inquietantes! O silêncio dos leitores em relação a JUSTAMENTE este tema é a prova. A gente simplesmente fica com um nó na garganta e não sabe o que dizer.

    Um abraço!

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  2. Carmem, gostei de sua defesa sobre o direito humano de morrer, mas fico na dúvida se você realmente optaria pela morte se tivesse a chance de viver com plena saúde. A matéria da revista diz que a morte poderá ser vencida pela ciência por volta do ano 2025, ou seja, quando eu, você e outros milhares da nossa geração completarem 50 e poucos anos. Mas vamos dar um desconto para essa previsão e supor que a ciência demore mais uns 20 anos além disso... algo lá por 2045.

    Pois bem, se eu e você estivermos vivos, estaremos com 70 e poucos anos nessa época, uma idade bem razoável, até mesmo hoje em dia. Considere que, até lá, as células-tronco poderão curar qualquer doença que venhamos a desenvolver. Considere, ainda, que eu esteja com câncer nessa época e tenha a possiblidade de me curar totalmente através de uma terapia que já estará bem aperfeiçoada. Por que eu haveria de optar pela doença e pela morte? Por que não dar uma chance para a ciência e continuar vivendo mais um pouco? Por que não experimentar algo revolucionário, assim como temos experimentados coisas revolucionárias desde que nascemos? Lembre-se que já vencemos a morte nas ocasiões em que tomamos antibióticos ou vacinas. Nossa vida já vem sendo prolongada e está muito melhor do que os jovens de outras épocas.

    Essa discussão dá pano pra manga, só acho muito cedo para você fechar a questão e dizer que não estará mais entre os vivos quando a morte for abolida. E se você estiver?...

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  3. Amem e amem,ninguem em sã consciência trocaria um pouco mais de vida com saúde pela outra opção.

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