terça-feira, 9 de março de 2010

Ilha das Flores

Ilha das Flores é um documentário brasileiro, escrito e dirigido pelo cineasta Jorge Furtado, em 1989. É um curta-metragem que mostra, claramente, a insustentabilidade da estrutura social em que ainda vivemos. Em 1995, Ilha das Flores a crítica européia elegeu-o cum dos cem mais importantes curtas-metragens do século. Também está listado entre os "1001 filmes para se ver antes de morrer", no livro que leva esse mesmo título. Vale a pena.



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Informações sobre o filme retiradas da Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ilha_das_Flores_(curta)

terça-feira, 2 de março de 2010

Sincericídio

Questão 1. Você marcou o primeiro encontro com aquela pessoa que paquera há algum tempo. Durante o primeiro jantar a dois, você age da seguinte forma:

a) Procura passar a melhor imagem possível, abordando assuntos de forma cuidadosa.

b) Procura demonstrar descontração e expor seu lado cômico.

c) É absolutamente sincero em suas colocações, não importando o que a pessoa pensará a seu respeito.

Questão 2. Você consegue um ótimo emprego numa época em que a crise econômica domina o cenário mundial. Durante seus primeiros meses na empresa você age da seguinte forma:

a) Procura transmitir a imagem de uma pessoa eficiente e aplicada ao trabalho.

b) Procura agir com certa pró-atividade, trazendo ideias inovadoras aos seus superiores.

c) Na primeira reunião formal com a diretoria, diz a seu chefe que não suporta atrasos e solicita que ele seja mais pontual nas próximas reuniões.

As duas alternativas "C" são exemplos básicos e breves de um fenômeno bastante complexo: o "sincericídio”.

Como já foi possível perceber, sincericídio é uma junção entre as palavras "sinceridade" e "suicídio". Pode-se dizer que é o hábito de demonstrar sinceridade de forma incondicional, não importando a que ponto as palavras ou atos o levarão, nem as consequências que poderão advir de tal prática.

Isso não significa que os sincericidas sejam inconsequentes. Pelo contrário, são as pessoas mais consequentes desse mundo, justamente porque se esforçam para superar suas próprias mentiras e contradições. São abertos e jogam limpo o tempo todo. Fazem isso dentro da própria família, na relação a dois, no ambiente profissional e onde mais houver oportunidade.

Sincericidas possuem uma tolerância limitada para formalidades desnecessárias e jogos de cena. São muito reativos à falsidades, mentiras, hipocrisias. São responsáveis e esperam que ajam de forma recíproca.

Descobri, recentemente, que sou um potencial sincericida... ou um sincericida de fato, para ser mais sincero. Talvez seja efeito de minha chegada aos 40 anos, talvez seja o resultado do duro processo de aprendizado que tive até esta fase da vida. Não sou psicólogo, mas creio ser difícil identificar a origem psicológica do sincericídio. Sei, apenas, que é resultante de um conjunto de fatores que levam uma pessoa a perceber a efemeridade da vida.

O sincericídio é um caminho sem volta, mesmo porque ninguém sente necessidade de retorno quando trafega por essa via. O sincericida não defende seus erros, apenas os assume e procura corrigi-los. Não diz que não disse, apenas assume suas palavras e procura reforçá-las (em caso positivo) ou se desculpar (no eventual mau uso). Não inventa desculpas ou pretextos, apenas diz o que pretende fazer ou o que fez, para que os outros saibam com quem estão lidando.

Felizmente, tenho encontrado pessoas que estão dispostas a viver da mesma forma. Nem todas passaram por momentos difíceis como o meu, mas leram a mesma cartilha que eu li. Espero encontrar mais pessoas com esse pique daqui por diante, pois tenho tido extrema dificuldade para lidar com hipócritas. Pode acreditar no que digo, é a mais pura sinceridade.
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Nota: Su, obrigado pela inspiração para esse post. Adorei ter conhecido uma sincericida que compreende meu sincericídio. Você é realmente demais! Sinceros beijos!